Há um ano atrás, tínhamos feito um apelo aos militantes do PCP e hoje, escrevemos outra vez uma apelo, mas aos militantes do Bloco de Esquerda. Esta carta pretende convocar a larga camada de lutadores anti-capitalistas da classe operária que não se sentem confortáveis com o PCP pelo seu carater conservador e nacionalista, que foram ou são simpatizantes e militantes do Bloco de Esquerda e agora estão desiludidos com o caminho que o Bloco de Esquerda continua a percorrer.
As eleições e as futuras perspetivas portuguesas e a queda eleitoral do Bloco já foram analisadas, mas não achamos suficiente. É necessário um apelo aos 100 militantes que recentemente saíram do partido, assim como os que continuam no Bloco mas sentem que o partido é incapaz de criar uma alternativa real e revolucionária ao sistema capitalista.
Balanço eleitoral passado
Num passado bem recente o Bloco obteve grandes resultados eleitorais, chegando a cerca de 10% do voto com 19 deputados (eleições de 2019 e 2015). Mas o grande ganho eleitoral foi desperdiçado: O Bloco esteve 6 anos na submissão a apoiar o governo da geringonça, aprovando os orçamentos de estado do PS que fundamentalmente não resolveram os problemas da classe operária como as longas filas de espera nos hospitais públicos ou aumento astronómico dos preços da habitação. Foi um governo burguês com a existência dos representantes formais da classe operária como fantoches, com o objetivo de controle das demandas dos movimentos populares radicalizados vindo da crise da troika.
A geringonça deu algumas migalhas aos trabalhadores, como a criação do passe nacional de transporte público e aumentos de salário mínimo, mas grande parte destas medidas foram eclipsadas pelas crises inflacionárias e logísticas que têm assombrado a economia capitalista. Só em 2022 houve uma taxa de inflação de 7,8%, um aumento de 6,5 pontos percentuais em relação a 2021, enquanto os preços dos bens aumentaram 10,2%, comparado com 1,7% do ano anterior.
Em 2021, o orçamento de estado apresentado pelo PS já não tinha migalhas a dar, não só por escolha consciente do António Costa, mas devido à conjuntura capitalista existente. Sendo assim, a esquerda votou contra o orçamento e acabou com a geringonça, mas como tiveram a apoiar o PS durante 6 anos, em vez de lutar por uma alternativa revolucionária ao sistema, perderam todo o apoio que tinham conseguido por serem voto de protesto. Este papel é dado agora ao CHEGA, o único partido que crítica o establishment, através do populismo e demagogia.
Em 2022, com o PS a atingir a maioria absoluta, a esquerda reformista foi dizimada no campo eleitoral. A sua necessidade enquanto grupo que limita e controla as exigências do movimento popular anti-troika desapareceu com o fim desse movimento. No plano eleitoral, a gestão da crise do capitalismo deixou de depender do PCP e do Bloco para subjugar os trabalhadores, bastava apenas um parceiro sólido na administração da economia capitalista. O Bloco de esquerda obteve um resultado histórico, passando de 19 deputados a 5, uma redução de ¾ dos deputados em relação a 2019 e os seus piores resultados desde 2011. E o Chega passando de 1 para 12 deputados.
Nos 50 anos do 25 de abril, em 2024, o Bloco manteve o resultado com 5 deputados, mas o PS perdeu a eleição pelo mal-estar social e enredado em “casos e casinhos”. A nova surpresa foram os 50 deputados do Chega.
O que é o fascismo e como combater
Com essa nova surpresa da parte do Chega e da eleição do Trump, o Bloco justificou o regresso da velha guarda (Fernando Rosas, Francisco Louçã e Luís Fazenda) ao campo eleitoral, sob o pretexto que “temos um fascista na Casa Branca” e “50 fascistas no parlamento”. E também tem servido de alibi para apelos à aliança de toda a esquerda, PS incluído.
O Trump, por mais reacionário e chauvinista que seja, está longe de ser um fascista: a política Trumpista é baseado no protecionismo económico, na retórica nacionalista e numa defesa do capitalismo laissez faire, não corresponde a um movimento de massas plebeu, armado e mobilizado nas ruas, com o objetivo de esmagar fisicamente o movimento operário e implantar um Estado totalitário.
Trotsky definiu o fascismo como a mobilização das massas pequeno-burguesas e do lumpenproletariado, sob a direção do grande capital, com o objetivo de esmagar a classe operária e todas as suas organizações independentes “Faz erguer aquelas classes que estão imediatamente acima do proletariado e que vivem sempre com receio de serem forçadas a descer para as suas fileiras; organiza-as e militariza-as com o apoio do capital financeiro, sob a cobertura do governo oficial, e dirige-as à extirpação das organizações proletárias, desde as mais revolucionárias até às mais conservadoras.” (What Next? Vital Questions for the German Proletariat, 1932), o fascismo é uma reação violenta à ameaça da revolução proletária, não um estilo ofensivo ou autoritário de governar.
Trump não lidera milícias para esmagar sindicatos, não destruiu os partidos operários, nem aboliu os mecanismos formais da democracia liberal, pelo contrário, perdeu eleições e foi obrigado a respeitar, ainda que a contragosto, os mecanismos institucionais. E pouco interessam os delírios ou os sonhos subjetivos de Trump: o fascismo é resultado da correlação de forças entre as classes e da evolução do combate entre elas, não do capricho de um homem só. Além de que o seu apoio vem, na maior parte, de setores da classe trabalhadora revoltados com o establishment neoliberal, não tem a base do fascismo, e não há iminência de uma ditadura fascista.
Já em Portugal, comparar André Ventura a Mussolini ou Hitler revela mais uma estratégia de marketing eleitoral (cópia da tática falhada de Kamala Harris) do que uma análise séria do perigo fascista, Ventura pode ter grande apoio nas urnas, mas na rua e nos protestos, são uma minoria de gatos pingados, não existe uma base social organizada, violenta, paramilitar ou miliciana que consiga efetivamente ameaçar tomar o poder, existem 550 mil membros da CGTP , as manifestações das organizações de esquerda consegue mobilizar milhares de pessoas nas ruas enquanto os neonazis e fascistas só mobilizam dezenas, não há SA’s ou camisas negras, mas sim populismo, oportunismo e retórica anti-imigração.
Além disso, a pequena burguesia, tradicional base social do fascismo, representa hoje um segmento muito mais reduzido do que nos anos 1930, por isso a chance de uma ditadura fascista é neste momento remota,e mesmo que estivéssemos às portas de um governo fascista, a história ensina-nos que ele não se derrota com jogadas eleitorais, mas sim com frente única operária, com ação direta e auto-organização das massas, e não com alianças parlamentares com o centro.
Ziguezagues políticos
A verdadeira razão pela qual o Bloco chamou a velha guarda e defendeu novos “entendimentos à esquerda”, isto é, uma geringonça 2.0, não é a suposta ameaça do fascismo em Portugal ou no mundo. Isso só serviu, acima de tudo, para evitar uma autocrítica ao fiasco eleitoral resultante da geringonça e aos seus próprios escândalos internos.
A queda eleitoral em 2022, longe de provocar uma reflexão crítica e uma viragem à esquerda, apenas levou a mais uma troca de liderança, agora com Mariana Mortágua, mas sem alterar minimamente o conteúdo da orientação política. Pelo contrário, a política geringonçeira continuou e se aprofundou e, mesmo sem uma geringonça formal e sem qualquer perspetiva de influência real sobre o poder, as mudanças de liderança serviram apenas para mascarar a falta de alternativa: mudam-se os rostos, mas a linha de compromisso com o PS, de adaptação à ordem estabelecida, permaneceu inalterada. A aposta insistente na aproximação ao Partido Socialista traduziu-se numa série de concessões programáticas, desradicalização da militância e adaptação às prioridades do centro.
O Bloco recusa reconhecer o esvaziamento político da aliança com o centro e se afirmar como uma alternativa ao sistema. Enquanto mostram a “estética revolucionária” dos partidos fundadores (PSR,UDP,Política XXI) para atrair jovens radicalizados, continuam com a pequenez de um programa de “taxar os ricos”.
Só uma ruptura com a política conciliadora da direção e com reformismo é que vai levar o Bloco ao sucesso, não mudando o nome do conciliador responsável, seja esse Francisco Louçã ou a Mariana Mortágua.
Defesa da democracia
Para o Bloco de Esquerda, o proletariado deixou de ser o sujeito revolucionário, o 25 de Abril é visto apenas como uma revolução democrática, que consagrou direitos formais, ainda que com alguns elementos socializantes. Esta leitura evita qualquer confronto direto com o capitalismo enquanto sistema:
“A nossa democracia, pelo contrário, foi construída para servir outros objetivos: a descolonização, a liberdade política, os direitos humanos, económicos, sociais e culturais, a distribuição da riqueza e a socialização da propriedade. A nossa democracia fez-se sabendo o preço de quatro décadas de uma política económica feita pelas e para as elites; precedeu-se de greves e de lutas operárias históricas. A nossa democracia olhou para dentro e para fora e escolheu como caminho o socialismo, e assim acreditava quem saiu à rua para organizar os bairros, os campos e as fábricas.”
“Sim, a democracia é linda. Dela emanam o Estado de Direito e as liberdades que tornam possível o debate político em campo aberto (até com aqueles que a prefeririam derrubar), como campanhas e eleições livres, liberdade de imprensa e de expressão, liberdade de organização e tudo mais que reconhecemos aos regimes democráticos.” – Joana Mortágua
A luta pelo socialismo não é luta pelo estado de direito que tolera o despejo de centenas de pessoas, e que só vai julgar a polícia do dito estado “democrático” um ano depois matar Odair Moniz. Os trabalhadores não lutaram por uma democracia liberal quando milhares fizeram greves e criaram comissões de trabalhadores depois do 11 de Março. Eles lutaram contra o capitalismo e contra as democracias aliadas ao Salazar na NATO, os direitos democráticos e trabalhistas do 25 de abril foram destruídas pela democracia vinda da contra-revolução novembrista, as políticas de austeridade foram implementadas pelos “socialistas” de Mário Soares que colocaram o socialismo na gaveta.A democracia que temos é capitalista e novembrista, construída para proteger os interesses das classes dominantes. Não há, portanto, razão estratégica para a defender como se fosse neutra ou um fim em si mesma.
Nós lutamos com objetivo de fortalecer a luta de classes e eventualmente levar a classe trabalhadora ao poder numa república socialista com democracia soviética.
Mas a luta de classes não é feita através de eleições de democratas e liberais. Além da experiência da geringonça em Portugal, tal como as eleições nos Estados Unidos com Biden ou anteriormente com Obama, mostra que essas vitórias institucionais não travam o avanço da reação e não ajudam a conquistar direitos ou liberdades.
Pelo contrário, muitas vezes intensificam o descontentamento social, criando terreno para a reação, o Trump não iria ser presidente sem a política de austeridade e de livre-comércio do Obama tal como o Ventura foi criação da geringonça e da sua política centrista.
A esquerda que se limita à defesa da democracia liberal, da Constituição ou da legalidade estabelecida acaba por reforçar a ordem capitalista. O Bloco de Esquerda, tal como o PCP, aposta numa lógica de acumulação de forças dentro dos marcos do regime, esperando uma mudança progressiva que nunca chega. Mas essa estratégia está esgotada. A esquerda não pode limitar-se a disputar lugares no Parlamento para aprovar medidas pontuais, tem de voltar às ruas, aos locais de trabalho, aos sindicatos e ao movimento popular. O combate ao capitalismo não se faz com discursos legislativos, mas com organização independente da classe trabalhadora e enfrentamento direto com o sistema.
Política identitária e escândalos
Como tínhamos falado neste artigo, no início de fevereiro houve uma polémica sobre o despedimento de mulheres grávidas e lactantes, com a negação inicial por parte do Bloco de Esquerda dessa ocorrência, chegando mesmo a apresentar queixa à ERC, alegando tratar-se de um ataque político e acusando de ser uma campanha da direita. No entanto, as próprias vítimas vieram a público denunciar os despedimentos e a pressão social, incluindo a das trabalhadoras, levou o BE a pedir desculpa publicamente.
Isto revela, primeiramente, uma questão profundamente problemática do reformismo, que é a dependência das subvenções estatais. Um partido revolucionário devia acima de tudo depender das quotas, das vendas de materiais e da sua base, não dos resultados eleitorais e do financiamento estatal durante as campanhas.
Em segundo lugar, isto mostra a hipocrisia do Bloco de Esquerda, que constrói a sua crítica aos outros partidos com base na política identitária, mas rejeita as demandas da classe trabalhadora e substitui-as por lutas fragmentadas, acabando ao fim de contas por discriminar e agir contra as próprias pessoas marginalizadas que afirma defender! O Bloco perdeu a sua identidade original enquanto partido trabalhista, tornou-se apenas identitário e agora perdeu até isso. A política identitária não é uma teoria de ação, mas uma teoria de reação. E agora enfrentam as consequências dessa contradição, tal como Jeremy Corbyn enfrentou as suas ao ser expulso do Labour por acusações de antissemitismo.
Nós reconhecemos o papel que o Bloco de Esquerda teve na luta pelos direitos das minorias sexuais, étnicas e raciais em Portugal. O Bloco teve um papel histórico na conquista do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas não achamos que as políticas identitárias sejam suficientes para acabar com todas as formas de opressão. Só a classe trabalhadora, com toda a sua diversidade, pode lutar pelos direitos das mulheres, pela abolição do trabalho doméstico imposto, pelo fim da opressão sobre homossexuais, pessoas trans, opressão religiosa e nacional.
Os comunistas estiveram historicamente na vanguarda destas lutas, foi o governo de Lenine que legalizou o aborto pela primeira vez na história, os grandes combatentes contra a opressão colonial e racista, como Amílcar Cabral, eram comunistas devotos, nenhum deles procurava dividir a classe trabalhadora. A análise marxista não é apenas suficiente, é a única capaz de acabar com todas as formas de opressão. Engels já o demonstrava em A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, onde expõe como a opressão das mulheres surge com a propriedade privada e a divisão de classes. Só o comunismo é que consegue acabar com as raízes da opressão.
É verdade que houve historicamente muito conservadorismo entre os partidos estalinistas, Estaline e a sua clique baniram o aborto e dificultaram o divórcio nos anos 30, mas isso resultou da rejeição e revisionismo do marxismo por parte da clique estalinista e da introdução de elementos autocráticos herdados da Rússia czarista. A degeneração e conservadorismo da burocracia foram consequência direta do fracasso da revolução internacional.
Internacionalismo
Como comunistas, nós defendemos o internacionalismo proletário:
“Os trabalhadores não têm pátria” – Marx & Engels
“O movimento socialista não pode triunfar dentro da antiga estrutura da pátria. Ele cria formas novas e superiores de sociedade humana, nas quais as necessidades legítimas e as aspirações progressistas das massas trabalhadoras de cada nacionalidade serão, pela primeira vez, satisfeitas através da unidade internacional, desde que as divisões nacionais existentes sejam abolidas.” – Lenin
A necessidade de unidade e de uma luta de classes internacional é imprescendível para a vitória da classe trabalhadora, a revolução russa envolveu milhares de trabalhadores à volta do mundo, o seu sucesso inspirou trabalhadores a levantar a bandeira vermelha dos portos do Mar Vermelho às costas do Atlântico, e do Atlântico às ondas do Pacífico e gerou uma onda de revoluções sem precedentes.
O internacionalismo é de grande importância para um partido revolucionário, e o bloco afirma a defesa do “internacionalismo”, mas não entende o seu significado. O internacionalismo não se baseia em considerações moralistas ou academicistas que ignorem a questão de classe, e não tem o mesmo significado que globalização capitalista. Enquanto esta última assenta no comércio desigual, na exploração imperialista e na dominação de grandes potências sobre os povos oprimidos, o internacionalismo proletário exige precisamente a abolição dessas relações.
O internacionalismo não é uma fórmula mecanicista, não está relacionada com quem começou a guerra ou com o tamanho dos países na Guerra, mas com o natureza dessa guerra. A questão de apoio á luta dos povos não pode ser dissociada da realidade capitalista vigente, nós vivemos no capitalismo imperialista, onde a burguesia nacional não tem qualquer carater progressista, e está subordinada ao capital internacional.
A incompreensão do verdadeiro internacionalismo, baseado na teoria marxista, conduz inevitalmente para a confusão política . Acabam por apoiar a “libertação nacional” e a “defesa da pátria”, mas na realidade o apoio é ao belicismo e ao massacre de trabalhadores pelos imperialistas.
A queda da USSR foi uma tragédia apoiada e celebrada pelo ocidente, as suas consequências foram devastadoras entre 3 a 7 milhões de pessoas morreram nos anos 90. A guerra da Ucrânia é mais uma consequência da queda da união soviética, cujo o ocidente é diretamente responsável. Nós estamos em profunda tristeza com a morte de 1 milhão de trablhadores trabalhadores russos e ucranianos, vitimas do imperialismo. Mas temos de ser precisos na nossa caracterização da guerra, esta guerra é inter-imperialista, o governo da Ucrânia é um proxy do ocidente, não luta pela independência genuína, luta para se juntar á aliança dos exploradores e luta para ser explorado. A Ucrânia é uma semicolónia e um proxy do ocidente, e está a vender os seus minérios raros e independência, numa luta injusta sem fim. O ocidente apoia a guerra na Ucrânia porque é uma forma de lutar contra a Rússia, com o sangue dos Ucranianos.
A guerra da Ucrânia não começou em 2022 com a “operação especial russa”, ela começou em 2014 com um golpe feito pelo ocidente e com a utilização de milícias neonazis e fascistas. Não é a promeira vez que os Estados Unidos usam proxies para expandir o controlo militar e económico contra os rivais, veja-se o apoio que deram ao Vietname do Sul.
Neste contexto, o bloco não se pode chamar internacionalista, e apoiar o belicismo da guerra da Ucrânia. O bloco está a repetir a história dos partidos sociais democratas na primeira guerra mundial ao apoiar as guerras burguesas, concebidas para a exploração dos povos.
“A posição da burguesia é clara. Não é menos claro que os oportunistas estão simplesmente a repetir os argumentos da burguesia. Para além do que foi dito no artigo principal, basta mencionar as declarações insultuosas publicadas na Die Neue Zeit (jornal social democrata alemão), que sugerem que o internacionalismo consiste em os trabalhadores de um país dispararem contra os trabalhadores de outro, supostamente em defesa da pátria!” – Lenin
A guerra da Ucrânia não é uma guerra justa, a tarefa de todos os partidos operários é lutar contra a burguesia em casa, é necessário exaltar o derrotismo revolucionário. O principal inimigo não são os russos ou os Chineses, são os especuladores imobiliários portugueses, são a igreja em Portugal, são os capitalistas em Portugal.
“O principal inimigo de cada povo está no seu próprio país!” – Karl Liebknecht
A liderança do bloco vê este conflito como um filme da Marvel e aplaudiu Zelensky, acompanhado de Ventura, Cotrim, Rui Rio ou António Costa quando ele veio à assembleia da republica, e além disso viajou para o parlamento da Ucrânia no meio da guerra. Não concordamos com o a liderança do bloco quando chama Navalny de um democrata no Twitter/x (Mariana Mortágua), um homem cujo o percurso político “passou pelo partido liberal Yabloko, mas também por ligações ao movimento dos ultranacionalistas russos, chegando a participar nas suas marchas contra os imigrantes e a apoiar atos de violência racista protagonizados pela extrema-direita em Moscovo” – esquerda.net, o oportunismo político e política de ziguezagues é congénito na liderança, e foi levado pela onda patriótica pró-guerra que surgiu no inicio da guerra da Ucrânia, tal como maior parte do movimento trabalhista durante a primeira guerra mundial.
Social-pacifismo
No outro lado da política internacional do bloco, existe o social-pacifismo, a defesa da negociação e pressão nos governos burgueses e a defesa da legalidade internacional, esta posição também é defendida pelo PCP.
A ONU não é uma instituição neutra, a composição da liderança da ONU é de países capitalistas imperialistas e logo os seus interesses controlam a ONU, estes têm privilégios especiais, sendo parte dos membros permanentes do conselho de segurança. E claro, a composição também é absurda e contraditória por isso inútil tal como o seu precedente, a liga das nações.
“Ficou claro que a Sociedade das Nações era inexistente, que a aliança das potências capitalistas era uma completa fraude e que, na realidade, se tratava de uma aliança de ladrões, cada um tentando roubar algo aos outros.” – Lenin
Fundada pela USSR, a ONU veio como uma tentativa de Estaline para legitimar a coexistência do socialismo e capitalismo, depois de apaziguar o ocidente com a dissolução do Comintern. Veio como uma mudança de política em relação ao Lenin com a burguesificação do socialismo, adotando posições mencheviques, tradicionalmente associadas aos reformistas como o socialismo em um pais.
A espectativa da ONU, os tribunais internacionais ou mesmo os governos europeus resolverem a questão da Palestina é um absurdo, a solução de dois estados para o povo palestiniano é utópica e injusta para o povo Palestiniano. A solução social-pacifista não elimina o imperialismo, não resolve o problema do controlo e dependência de grande parte dos recursos por Israel, e não resolve o problema de uma nação divida. E baseia-se na assunção que a resolução dos conflitos será feito pela burguesia, não pela classe trabalhadora. A única solução capaz de libertar a Palestina é a intifada (rebelião das massas) e a federação socialista do Médio Oriente.
Esquerda do europeismo
O bloco de esquerda corretamente não apela ao “patriotismo de esquerda” e nacionalismo como é o caso do PCP, exceto algumas ocasiões na defesa da cultura nacional, mas a cultura nacional não é neutral, de facto a grande maioria dela é burguesa.
” Aqueles que pretendem servir o proletariado devem unir os trabalhadores de todas as nações e combater intransigentemente o nacionalismo burguês, tanto interno como externo. O lugar dos que defendem o slogan da cultura nacional é entre a pequena burguesia nacionalista, não entre os marxistas.” – Lenin
Mas o problema do bloco de esquerda é a sua posição na União Europeia, o bloco de esquerda mantém o mesmo tipo de política utópica na defesa da reforma da UE. A união europeia fundada como comunidade económica europeia foi criada para aprofundar o livre comércio entre os estados europeus e para acabar com as guerras na europa, tem o seu caráter utópico dentro do capitalismo. A União Europeia não pode ser reformada e não vai existir nenhuma coligação de partidos de “esquerda” para o fazer ou recriar uma união europeia mais justa e keynesiana, especialmente porque se os partidos reformistas tomassem o poder, ocorreria uma syrizificação e seriam eles a implementar a austeridade.
Só a revolução socialista e a luta de classes é que consegue criar as bases para a real unidade europeia sem guerras ou exploração, é necessário dos estados unidos socialistas da europa.
Anticomunismo
Há quem esteja dentro do BE e que se considere marxista, existem até genuínos comunistas revolucionários. A vocês, fazemos uma pequena pergunta: quando o documento de orientação aprovado pela Comissão Política para a V conferência (2024) do Bloco de Esquerda afirma “Não ignoramos experiências de regimes falhados, na URSS e noutros países, que condenamos e que conspurcaram a luta pelo socialismo”, sem adicionar contexto ou adicionar menções aos grandes avanços feitos pelos bolcheviques e pelo proletariado soviético, não sentem a perversão dos vossos ideais?
Quando a Mariana Mortágua compara o André Ventura ao Estaline e critica-o por não defender a constituição, como uma auto-proclamada “marxista”, aonde está o marxismo no bloco senão enterrado?
“E aí vão eles [às eleições legislativas]. Entusiasmados e convertidos, dispostos a enfiar a Constituição no balde do lixo, a exclamar que antigamente é que era, e a colocarem a fotografia do doutor Ventura na parede do seu gabinete, qual Estaline, como já acontece em todos as salas do Chega no Parlamento. Que bom Estaline dá o doutor Ventura” – Mariana Mortágua
Nós somos contra o Estaline porque ele precisamente opôs-se á revolução socialista internacionalista, ele acreditava que os partidos comunistas deviam fortalecer os laços com os partidos burgueses e com a burguesia nacional, como no caso das frentes populares, ao ponto de esmagar a revolução operária em Barcelona para defender a republica. A constituição da Républica Portuguesa devia estar no lixo, assim como o estado de direito que defende a propriedade privada.
Quando veem, pouco a pouco, o partido a esconder entre palavras o que entende por socialismo, em vez de ser direto e ir ao ponto; quando veem que os representantes do partido param de dizer “nacionalizações” nas entrevistas e debates; quando existe um medo evidente em apoiar ocupações de casas vazias; quando o programa do Bloco se afasta de qualquer socialismo cada vez que é re-escrito… não pensais duas vezes?
Quando o Fernando Rosas tenta justificar a contrarrevolução do 25 de Novembro, dizendo que foi uma “contenção pactuada”, está só a tentar disfarçar o que realmente aconteceu. O MRPP, o partido dele na altura, apoiou o PS e o 25 de Novembro, a contra-revolução responsável pela democracia atual. Isto é a liderança do bloco a defender o fim da revolução socialista e o seu papel com palavreado fino.
“É incomparável e impensável que se faça tal comparação. Estou aberto a debater o 25 de Novembro, não da forma como a direita o tem vindo a instrumentalizar politicamente, mas sim estudá-lo do ponto de vista da história e dos acontecimentos. Foi sim uma contenção pactuada do processo revolucionário” – Fernando Rosas
Precisamos de uma liderança revolucionária que não tenha medo de defender o socialismo e que não esconde as ideias através populismo.
Colapso eleitoral e pessimismo revolucionário
Graças à política de ziguezagues, à redução do programa, conciliação com o establishment e aos escândalos das grávidas, o Bloco de esquerda obteve o seu pior resultado da sua história, o partido ficou reduzido a 125 710 votos (2,37 %) e apenas um deputado. Por contraponto o CHEGA obteve 60 deputados tornando-se a segunda força política e a força de oposição em Portugal.
“O povo é quem mais ordena… a sua própria ida para o inferno” esta foi uma frase postada nas redes sociais dos bloquistas e na esquerda em geral, culpando o povo e a “correlação de forças” pela ascensão do chega, em vez de culpar os dirigentes dos partidos reformistas, cuja políticas levaram ao crescimento da extrema-direita.
Quando a liderança do Bloco e do PCP apostou, durante anos, em políticas de conciliação, integração institucional e adaptação ao regime, anulando qualquer mobilização independente ou alternativa real à esquerda, quando a base social se desmobiliza e deixa de acreditar, a culpa não está na “correlação de forças” abstrata, mas sim nas opções concretas dos dirigentes, que preferem culpar o povo a rever os próprios erros.
Não foi o povo que criou a ascensão da extrema-direita, foi a direção do Bloco e do PCP que se desviou do combate social, da mobilização popular e da política de ruptura para meros gerentes da crise do capitalismo. Enquanto a liderança se recusar a reconhecer a sua responsabilidade e continuar a apontar o dedo àqueles que deveria mobilizar, o destino do próprio partido será, inevitavelmente, o isolamento e a irrelevância.
Pela construção do partido comunista revolucionário!
Existe uma crise geracional com protestos nos EUA, crise climática, guerras sem fim, com novas guerras a aparecer periodicamente, como o recente ataque de Israel ao Irão; estamos numa economia decrépita que deixou de elevar as condições de vida da maioria, e que, em vez disso, enriquece uma minoria parasítica. Mas o capital não vive sem roubar o sangue do trabalho.
A única forma de acabar com o parasitismo capitalista, de acabar com todas as opressões, é realmente libertar a classe operária. E isso só acontecerá através da liderança de um partido revolucionário enraizado nas tradições da classe operária, um partido controlado pelos membros mais conscientes da classe operária. Nós estamos a tentar construir esse partido.
Se estás frustrado com a direção reformista e conciliadora do Bloco e queres construir uma alternativa que realmente queira abolir o capitalismo, em vez de o gerir, junta-te aos comunistas.
Avante pela revolução internacional!
Pela construção do PCR!
[url=https://cvetyvmoscve.ru/]Заказать цветы с доставкой в Москве[/url]
Доставка цветов в Москве – это удобный способ порадовать близких. Множество компаний предлагают услуги доставки цветов в Москве, что дает возможность выбрать подходящий вариант.
Перед тем как оформить заказ, необходимо определиться с тем, какие цветы вы хотели бы видеть в букете. Можно выбрать как традиционный букет, так и что-то необычное.
При заказе цветов стоит учитывать сроки доставки, а также другие предлагаемые услуги. Некоторые компании предлагают сопровождение букета открытками или небольшими подарками.
Выбирайте проверенные сервисы с хорошими отзывами и репутацией. Такой подход исключит неприятные ситуации с качеством цветов и сроками доставки.
Нужно собрать данные о пользователе? Этот бот поможет детальный отчет мгновенно.
Используйте продвинутые инструменты для анализа публичных записей в соцсетях .
Узнайте контактные данные или интересы через систему мониторинга с гарантией точности .
глаз бога узнать номер
Система функционирует с соблюдением GDPR, используя только открытые данные .
Получите детализированную выжимку с геолокационными метками и списком связей.
Попробуйте проверенному решению для digital-расследований — результаты вас удивят !