Apesar da confusão acerca da possibilidade de participar e da péssima previsão meteorológica, milhares de pessoas saíram à rua no domingo para comemorar a Revolução dos Cravos, que aconteceu há 47 anos.
Existe sempre um clima de júbilo neste evento, que a classe dominante em Portugal tentou e tenta reivindicar como a sua própria celebração da “democracia”. A marcha também tem geralmente uma intenção apenas celebrativa. Desta vez havia, porém, um sentimento diferente que não existia nos anos anteriores.
A manifestação teve muitos mais jovens do que o costume, os quais continuaram a entoar slogans da revolução e dançaram com energia no Rossio e na Praça dos Restauradores toda a tarde e também depois do fim da marcha.
Parte dessa “vibração extra” provém de um ano de energia reprimida devido ao confinamento, sendo que também a comemoração do 25 de Abril de 2020 foi cancelada: este foi um dos primeiros eventos em massa realizados em Portugal este ano.
Da mesma forma, havia um clima geral de luta que teve expressão na participação em massa no evento e que se refletiu também no grande interesse pelas ideias apresentadas pelo Colectivo Marxista. Centenas de manifestantes foram até à nossa banca, para discutir sobre as reivindicações presentes no panfleto que produzimos, para comprar o nosso material e para perguntar acerca do evento que realizamos no dia seguinte. No domingo quebramos todos os recordes que tínhamos de vendas de periódicos e mercadorias por uma larga margem! Um dos nossos camaradas relatou ter visto o mesmo entusiasmo e também a mesma insatisfação em relação ao status quo numa manifestação local no Barreiro no dia 24 de abril.
Na noite de segunda-feira, discutimos numa assembleia online, da história do 25 de Abril e da Revolução Portuguesa e da sua relevância imediata para os nossos tempos. A sessão foi muito participada, com pessoas de norte a sul do País. Uma das principais questões que surgiu no debate foi: “Como podemos olhar para o 25 de Abril não apenas de um modo celebrativo, mas também de uma forma atual e eficaz na luta contra o capitalismo nos dias de hoje?”.
A resposta a esta pergunta não é algo que seja garantido em si mesmo mas que precisa de ser construído. Como disse um nosso camarada, ele próprio envolvido na luta revolucionária em 1974-75: “Precisamos de aplicar as lições que aprendemos desta história aos eventos revolucionários que virão em Portugal e no mundo no futuro.” O Colectivo Marxista e a Tendência Marxista Internacional, da qual o Colectivo faz parte, esperam estar bem preparados para desempenhar o seu papel nesses eventos quando eles chegarem.
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