Artigo de CCR Coimbra
Na Quinta, 2 de Outubro 2025, a população de Coimbra mobilizou-se como há muito não fazia. O fervor político e as demandas unidas por uma Palestina livre e pela liberdade dos Camaradas da flotilla ergueu, na Praça 8 de Maio, imensas bandeiras, vozes e punhos. Havia, nesta manifestação, algo de diferente.
Depois da normalidade de Coimbra de concentração com discursos, uma pessoa ativista perante a multidão sugeriu que a nossa força coletiva se movesse pela baixa e fosse até a ponte. Foram postos braços no ar para mostrar se havia consenso na multidão. Um a um, olhando à volta, verificava-se algo incrível: tanta gente pronta para avançar para uma unidade em movimento. A multidão perdeu parte dos seus números mas, como dito pelas Beiras, continuaram à volta de 100 pessoas.
A marchar pela baixa de Coimbra, com a polícia a seguir à frente e, tendo até feito a população manifestante esperar para parar a estrada, avançou-se para uma das artérias principais da cidade. Nesta ponte, as pessoas sentaram-se, colocaram a bandeira palestiniana no chão e uniram-se braço-a-braço. Mais uma vez os gritos continuaram, com devidos discursos e avisos feitos.
Nesta fase, a camaradagem avançou a um nível mais profundo. Pessoas distribuíram comida e água que foram comprar, foram cuidadas pessoas que precisavam de algo e avisos foram feitos para a proteção de pessoas imigrantes e sem cidadania, caso houvesse uma escalada de ação por parte da polícia. E foi exatamente isso que aconteceu.
A polícia carregou sobre a multidão, que se encontrava sentada, sem qualquer aviso prévio e com recurso a violência consideravelmente desproporcional. Os agentes atacaram de forma indiscriminada com golpes de bastão, enquanto empurravam os ativistas uns contra os outros. A ação evidenciava uma postura de confronto direto, sem espaço para diálogo ou para que os manifestantes pudessem optar pela colaboração.
As forças de “segurança” lançaram também gás pimenta diretamente para o rosto de quem tentava proteger as pessoas mais vulneráveis no local, incluindo nas caras e olhos dos dois membros do CCR presentes, um dos quais prestava auxílio aos que os rodeavam. No decorrer do pânico, foram detidas cinco pessoas que se viram isoladas no meio do tumulto. De acordo com testemunhas, não foram dadas oportunidades para compreender as ordens policiais, nem lhes foi concedido tempo para reagir ou para escolher cooperar. Aqui um vídeo da repressão.
Mais tarde, ativistas que conseguiram ainda ajudar, foram para a esquadra na Avenida Elísio de Moura em solidariedade com as pessoas presas, que mais tarde na noite foram libertas.
Agora que escrevemos este texto, no dia a seguir, as imagens que ficam são duas: a grande força da população, que gritou com todo o seu peito e avançou de forma unicamente vista nesta cidade, e a covardia da polícia, que contra manifestantes pacíficos sentados, recorre à violência, gás pimenta e ao aprisionamento.
Em última nota, nós, militantes do CCR, agradecemos pela grande ajuda dos camaradas da Unidade Popular – UP (Núcleo de Coimbra) e outros camaradas pela impressionante e admirável ação de ajudar e cuidar de nós e dos camaradas presentes, bem como a todas as pessoas que tiveram continuaram a ação através da pressão na esquadra.
Coletivo Comunista Revolucionário Comunistas Revolucionários de Portugal