O imperialismo português chantageia São Tomé e Príncipe

Na quinta feira à noite, o ministro de assuntos estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, protestou contra o acordo de cooperação militar assinado por São Tomé e Príncipe com a Rússia. Numas ameaças veladas, Rangel expressou a sua “apreensão” e “perplexidade” pelo acordo, e anunciou que se ativariam “canais diplomáticos” para fazer valer os “pontos de vista” de Portugal. Outras forças políticas burguesas, nomeadamente IL, criticaram também o acordo, como o fez também o presidente da república. 

Estas declarações são uma chantagem a São Tomé, que é um Estado independente, e que de facto teve de travar uma dura luta para se libertar do jugo colonialista português. Paulo Rangel não tem direito nenhum de mexer na política de São Tomé, que deve poder escolher livremente os seus aliados. 

Na verdade, após a queda do colonialismo, os capitalistas portugueses têm mantido interesses económicos nas antigas colónias, assentes no aparelho militar e diplomático do Estado português, que utiliza os tratados de cooperação militar e a “ajuda ao desenvolvimento” como alavanca para proteger e sustentar os seus investimentos. Em São Tomé, Portugal mantém um navio de guerra e um pequeno contingente militar. 

As críticas dos governos imperialistas de Portugal e Ocidente à influência russa em África nada têm a ver com os “direitos humanos” ou com a preocupação pela “soberania” dos Estados africanos: trata-se de uma simples pugna entre dois blocos imperialistas pelos mercados, áreas de influência e recursos naturais de África. Neste sentido, é preciso sublinhar que os interesses da Rússia em África não são qualitativamente diferentes dos europeus: são potências imperialistas lutando por uma nova partilha de África. 

A única saída do pesadelo capitalista em África é a luta contra todos os capitalistas e a unidade dos povos oprimidos pelo imperialismo com a classe trabalhadora europeia contra o inimigo comum, o capitalismo. Em Portugal, a classe trabalhadora portuguesa tem o dever de lutar em primeiro lugar contra os “seus” imperialistas e os seus planos de dominação além-fronteiras. 

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About Arturo Rodriguez (Colectivo marxista)

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